domingo, 19 de abril de 2015

Resenha #3 O crime do padre Amaro de Eça de Queirós

É muito difícil resenhar um livro que tenta por si só, criticar as falhas de um tempo que já se foi então vou tentar fazer o meu melhor agora que acredito que a história amadureceu o suficiente na minha cabeça.
O crime do padre Amaro não é um livro agradável nem foi escrito para o ser - entendam que as críticas ferrenhas que carrega em suas páginas e que parecem tão bobas nos dias de hoje foram alvo de grandes polêmicas em sua época.
A visão unilateral do romance sobre a natureza da burguesia portuguesa e do clero mostram que Eça nutria uma visão nefasta (Muitas vezes literalmente pontual) sobre como nem tudo o que vemos é a realidade.
Eu gosto de pensar como as pessoas adorariam imaginar que a história fosse verdadeira e todos os problemas que isso traria para a igreja em si.
Se eu disser que concordo com tal ponto de vista seria hipócrisia pois realmente não acho que as coisas sejam tão simples e algumas das críticas do livro beiram a pieguice de uma birra.Porém não posso deixar de aplaudir o autor pelas cenas bem construídas e personagens que são totalmente odiáveis - acredite você quer que todo mundo morra nesse livro ( e alguns pedidos serão atendidos)
Uma obra de riqueza cultural que nos mostra como viviam as pessoas abastadas naquela época em que o domínio da igreja embora muito forte começava a encontrar resistência em algumas mente iluminadas pela razão.
O ponto mais exótico nesse livro é que você não se afeiçoa a nenhum dos personagens e não se surpreende quando eles agem de maneira egoísta ou malévola - Alguns dos momentos mais divertidos da leitura foi ver como as informações podem ser manipuladas para beneficiar uns e outros e como esse era um pré-requisito pra se dar bem na boa e velha Portugal de 1800.
Para muitas pessoas esse livro resistiu o teste do tempo e é um documento histórico demonstrativo de uma cultura e uma época que não existem mais não acho que seja tão simples assim.
Esse livro pode nos mostrar o que o ser humano tem de pior (nunca é demais se lembrar) e se esquece de mostrar um pouco mais de humanidade (onde está a humanidade em um personagem que nem mentindo consegue pensar nos outros ?)
E o final ? Ah! o final é péssimo, de doer mesmo do tipo quick-fix que tanto praguejam os livros da atualidade...

3/5 Paradoxos 

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